Cena do filme RAN de Akira Kurosawa

 João Rego

FACTTA 01.06.2015

Em uma organização, pública ou privada, a formulação de estratégias é resultado de um complexo arranjo de análises e decisões que tem como objetivo definir o sentido, a intensidade e em que período a alta direção deseja impulsioná-las. Aqui nos referimos ao sentido mais amplo do termo, isto é, planos estratégicos, processo de reengenharia, reestruturação e/ou modelagem de produtos e serviços, enfim mudanças relevantes que pretendem impactar no destino da empresa.

São vários os modelos de formulação de estratégias, variando de acordo com a cultura organizacional da empresa e suas circunstâncias, que vão desde o mais participativo até o mais autoritário, passando por uma infinidade de gradações entre estes dois extremos. É possível até mesmo encontrar empresas que formulam suas estratégias de forma intuitiva, na permanente tentativa de sobreviver diante das turbulências internas e externas que constroem e descontroem mercados e empresas.

Formular estratégias é organizar conhecimento para preparar uma ação. Quanto mais sólido e atualizado for este conhecimento, mais efetiva pode ser a estratégia, esperando-se que maiores sejam as possibilidades de êxito na execução das ações. domain names É, entretanto, na fase da implementação das estratégias que os desafios se tornam maiores e, onde as falhas – muitas vezes com grandes prejuízos – ocorrem. Isto por que para toda estratégia formulada, a ela deve estar associada uma bem dimensionada estrutura composta por pessoas, recursos diversos, os percursos passados da empresa, sua estrutura organizacional e seus valores culturais – muitas vezes cristalizados e impermeáveis a mudanças.

Temos observado com frequência, que, na maioria dos casos, as empresas, logo após a formulação das estratégias e/ou seu planejamento estratégico— até mesmo aquelas inovadoras—, são puxadas de volta pelo redemoinho das demandas operacionais ao seu estado anterior— a trabalhosa fase de planejamento. Entendemos que o esforço da implementação de estratégias, principalmente no caso de mudanças relevantes como inserção da gestão da inovação na cultura organizacional, modelagem de um novo produto e outros processos de fortes impactos na empresa, exige o acompanhamento de um agente externo, um terceiro, com distanciamento, neste caso um consultor especializado, isto porque, diante de todo processo de mudança em uma empresa, seja ela, pequena, média ou grande, existe um conjunto de forças inerciais que irão – explícita ou implicitamente – atuar contra.

De longe, o maior erro que os empresários incorrem quando tentam realizar mudanças em sua organização, é lançar-se a frente sem estabelecer um alto e necessário sentido de urgência entre os gestores e funcionários. Este erro é fatal por que transformações sempre falham na consecução de seus objetivos quando os níveis de complacência são elevados.

Outro erro é não construir Forças de Coalizão Orientadoras. As transformações bem-sucedidas são aquelas em que a alta direção, os gestores intermediários e as diversas pessoas chave espalhadas pela hierarquia da empresa, formam um time comprometido em avançar. Indivíduos sozinhos, não importa quão competentes ou carismáticos sejam, nunca têm todos os recursos necessários para superar as forças da tradição e da inércia.

Com o Novo Ciclo Econômico de Pernambuco, o nível de competitividade empresarial local terá como desafio aproximar-se do padrão de competitividade global. Isto é inevitável. jordan Fala-se muito em ações e estratégias portadoras de futuro, onde a cultura inovadora se impõe como o mais forte traço estruturador desse futuro. Construir futuros alternativos é planejar e agir no “aqui e agora”, compreendendo que, entre a formulação e a execução das estratégias, há uma distância materializada, não apenas pelo ambiente externo, mas principalmente pelas forças inerciais internas que moldam a cultura da organização.

*Artigo publicado na Revista Algo Mais – julho de 2015.


 

* João Rego é engenheiro, mestre em ciência política e tem formação em psicanálise.
Atua como consultor empresarial com o foco na pesquisa e na práxis da administração estratégica, da inovação e da gestão do conhecimento.

É Diretor da Factta Consultoria, Estratégia e Competitividade.
É Editor da Revista Será? Opinião, crítica, artigos, ensaios e resenhas.
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